A Praceta do Junqueiro fica em Carcavelos. Mas para todos os efeitos os que lá viviamos na década de sessenta vímos a vila de Carcavelos como algo diferente do nosso mundo Pracetista. Raramente atravessávamos a linha do comboio. Seria pela autosuficiencia da Praceta? Na realidade havia pouca coisa que faltasse. A farmácia e o cinema faltavam lá. De resto não me ocorre mais nada!
A Praceta era por outras palavras um mundo limitado pelo mar por um lado , pinhal para oeste e norte e a longa avenida que ia desaguar à estação de caminho de ferro que era nessa altura propriedade da empresa privada “Sociedade do Estoril”, que intoduziu em 1926 a primeira tração eléctrica de comboios em Portugal!
Mas não era própriamente de comboios que queria falar mas entes da separacão que as linhas dos ditos criaram entre a vila de Carcavelos e a rapaziada da Praceta.
Quando íamos para o outro lado da linha com algum gosto e sentido de aventura era no verão para ir ao cinema! A sala faria lembrar tantas outras por esse Portugal fora. Era modesta e tinha um pátio exterior e a um nivel mais elevado para onde íam fumar os espectadores nos intervalos. Só me lembro de lá ter ido ver filmes do Elvis Presley. Alguem se lembra de lá ter ido?
É verdade João! E isso foi algo que aconteceu durante muito mais tempo. Também me lembro de ir a “Carcavelos” (sim, porque Praceta era Praceta e Carcavelos era outro mundo) ao cinema que era o único que havia na altura (também havia o cinema da Parede, onde por vezes também íamos).
O que dizes é tão verdade, que muitas vezes me acontece, pura e simplesmente não conhecer ou não saber de pessoas, lojas ou lugares em Carcavelos, o que muito admira a quem, não conhecendo a realidade que se vivia na Praceta, acha uma perfeita anormalidade não conhecermos tudo o que respeita a Carcavelos!
Mas a verdade é que a Praceta era outro mundo! E ainda bem 🙂
A Praceta ficava na zona onde antes tinha sido (e ainda é) a Quinta do Junqueiro, uma das várias quintas existentes na linha. A minha rua, lembro-me, nem sequer tinha nome. O endereço era apenas “Quinta do Junqueiro lote 37” e só mais tarde, já nem sei bem quando, passou a ter nome, Rua do Gurué. A vila, como lhes chamávamos, era só mesmo para ir comprar aquilo que não existia no comércio da Praceta ou nos vários vendedores ambulantes que nessa época apareciam porta a porta a vender os ovos, perus, galinhas, pão, etc. Mais tarde as carrinhas da SAP a vender peixe. Mas havia algumas lojas emblemáticas na “vila”: o Senhor Camilo, frente à Igreja, onde se compravam os tecidos, os botões, as fitas, os elásticos e tudo o que era retrosaria… A farmácia, como disseste. O Vitoria-cine (acho que era esse o nome)… tantos filmes do Jerry Lewis que lá assisti, da Marisol por quem metade da rapaziada andava apaixonada, os eternos filmes de “Cowboys” e o Cantinflas… foram tempos giros e realmente ir à “Vila” era uma aventura nessa época. Tinha muitos amigos na Vila filhos de amigos dos meus pais e família, por isso não era assim muito estranho para mim, mas sempre que a minha mãe ia à Vila lá íamos nós todos pois não deixávamos fugir a oportunidade do passeio (isto, se não estivéssemos na praceta a brincar, com os nossos vizinhos “Praceteiros”) 🙂
VICTORIA CINE era o nome..
O concorrente era, na Parede, o ROYAL CINE, muito mais foleiro, por sinal.
Na sei se se lembram, mas havia sessões duplas (sim, de 2 filmes seguidos, normalmente uma coboiada a abrir e depois a “piece de resistance”). Um mimo.
Quanto à “Vila” e à “Praceta”… basta isto: os da praceta tinham a praia mesmo ali à frente e o pinhal logo ali atrás. Havia mundo para além disso? Náhhh.
Es tu Joao?