-Oh Adélia! -Xenhora! Era assim que a Sra. Alda chamava pela filha e era esta tambem a resposta que obtinha. A localidade chamava-se Urgeiriça e o motivo da nossa presença nessa região da Beira Alta era o emprego que o Eng. João Manuel Pinheiro , meu pai , tinha vindo ocupar nas minas locais.
A senhora Alda era nossa empregada. Uma senhora vestido de preto, de carrapito no cabelo, coberto por um lenço. Viúva certamente e que por tal andava a servir como “criada”, que era o termo utizado na época para empregadas que vivessem debaixo do mesmo tecto. Se a Sra. Alda já vivia em nossa casa não saberia dizer mas que veio a fazê-lo mais tarde é um facto. Na Beiras assim como noutras regiões do país havia muita pobreza e a Tuberculose levava muita gente prematuramente.
As memórias pessoais são em si um enigma e não se sabe muito bem se essas memórias não são apenas fruto de nos terem contado acontecimentos ou consequencia das provas para a posteridade que nos deixaram as fotografias. Sei que andava de triciclo no jardim à volta da casa, que involuntáriamente matei um pintaínho, e que as minhas amigas eram umas meninas inglesas com as quais se fizeram piqueniques e praia.
Como se pode ver na foto de 1953 a casa era de um piso e tinha este patamar à entrada! Enfim, foram os primeiros anos da minha vida passados como ratinho do campo!